Capa do livro "A República Brasileira - 1951-2010 - de Getúlio a Lula", de autoria de Evaldo Vieira |
Evaldo Vieira não tem a pretensão de escrever uma história da república brasileira ou mesmo de completar a visão contemporânea desta república, durante os anos de 1951 a 2010.
Esta obra quer ser a exposição da longa resistência
da população brasileira na construção de uma república, ao longo de tais anos.
Trata-se, portanto, de mostrar a cada momento
histórico, com os pormenores possíveis, o ato de resistir dos brasileiros na colocação
dos tijolos do edifício republicano, vertendo e revertendo suas
esperanças e propostas, submetendo-se e revoltando-se contra o reino das
barbaridades e especialmente contra a ignorância da vida real.
A obra retrata acima de tudo a busca de
informações e a análise de fatos primários sobre a resistência brasileira,
levantando, explorando e analisando documentos múltiplos pertencentes a mais de
seis décadas. Para escrevê-la foram consultadas numerosas fontes de diferentes
épocas, sempre tendo em conta que existem textos e arquivos secretos no país.
Pode-se, no entanto, assegurar que o livro
não se baseia na repetição e na confirmação de interpretações consagradas pelo
tempo ou sustentadas por autoridade de qualquer tipo. Pretende-se que apenas
possibilidades indicadas pelas fontes consultadas tenham criado os alicerces
dos comentários.
Foram-se mais de sete anos de pesquisa, de
redações e de revisões, transformando a escrita do livro em exercício de
esclarecimento dos fatos e das situações. A exposição assinala as grandes linhas
de desenvolvimento histórico e os detalhes (estruturas e conjunturas), visando dentro
do alcance do autor a evidenciar o ato de resistir dos brasileiros na
implantação da república.
O livro A
república brasileira (1951-2010) inicia-se e conclui-se com o exame das
condições de vida da população, apostando na racionalidade do ser humano e
evitando manifestações de irracionalismo, tão ordinário em nossa época, como o
elogio da morte em suas infinitas modalidades da existência social.
A primeira parte de A república brasileira percorre do segundo governo de
Getúlio Vargas (1951) ao governo do general Ernesto Geisel (1978), a quarta
gestão sob a ditadura militar, iniciada então há catorze anos.
Fiel ao seu desígnio de caracterizar o ato de
resistência da população do Brasil em sua obra republicana, além das citadas o
leitor ainda poderá refletir sobre outras administrações. Nessa parte inicial
poderá o leitor acompanhar a evolução das administrações de Juscelino
Kubitschek, de Jânio Quadros, de João Goulart, e dos marechais e generais
ditadores Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e
dos membros da Junta Militar de 1969 (Aurélio de Lyra Tavares, Márcio de Souza
e Mello, Augusto Hamann Rademaker Grünewald).
A segunda
parte de A república
brasileira incumbe-se de narrar fatos e situações concernentes ao
governo do general João Baptista Figueiredo (encerrando as formalidades da
ditadura militar), e também dos de Tancredo Neves, de José Sarney, de Fernando
Collor de Mello, de Itamar Franco, de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Ambas as partes resultam em conclusões,
vistas como indicações relativas às condições de vida dos brasileiros, às
políticas econômicas e às políticas sociais.
Certamente, uma das principais questões da
república no Brasil está na representação política e social, desde o passado
remoto. A representação política e social existe no país, na prática sem
responsabilidade política e social.
Mais do que isso, a obra de Evaldo Vieira versa
sobre as lutas políticas, os partidos políticos, as eleições, as tentativas de
golpe de Estado, a consumação de golpe de Estado, os chefes militares, os
discursos presidenciais ou ministeriais, as medidas econômicas, os
planejamentos, as consequências de suas aplicações e as reações a eles.
No que diz respeito às condições de vida da
população, no texto existem observações
a respeito da educação brasileira, da saúde pública, da alimentação, das
crianças e dos adolescentes, da previdência e assistência social e da habitação
popular, etc..
O leitor encontrará em A república brasileira (1951-2010) demasiadas experiências
de conciliação política, social e econômica, bem como os malefícios irremediáveis
do “presidencialismo de coalizão”, de qualquer mandato exercido de forma irresponsável
e intocável, do “foro privilegiado” e da insegurança causada pela ilegalidade e
pela ilegitimidade. Do mesmo modo encontrará os caminhos democráticos da ação
republicana.
Na obra, porém, sobressai a resistência dos
brasileiros na busca de uma república capaz de garantir-lhes os direitos
individuais e sociais, sem o que não haverá tranquilidade.
Parabéns por mais essa obra importantíssima para o Brasil e para o mundo.
ResponderExcluirParabéns por mais essa obra importantíssima para o Brasil e para o mundo.
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