quinta-feira, 12 de junho de 2014

Lançamento da obra "A Ditadura Militar 1964-1985: momentos da República brasileira", por Evaldo Vieira



A ditadura, a igualdade e a liberdade constituem os temas centrais deste livro de Evaldo Vieira.
Para demonstrar que o golpe de Estado foi desfechado, em 1964, por uma facção cívico-militar em meio da população hesitante e espantada, é imprescindível saber quem são esses revoltosos, que unicamente enfrentaram indignação e aplauso na tomada do poder estatal. Formada por militares das Forças Armadas, por políticos de diversos partidos, por clérigos da Igreja Católica e de outras igrejas, por empresários e banqueiros, essa facção cívico-militar nas primeiras horas se alimentou com os espasmos anticomunistas e antitrabalhistas da propaganda e das notícias, especialmente da grande imprensa.
O golpe de estado de 1964 e a instalação da ditadura militar só puderam irromper e alojar-se no Estado brasileiro com a assistência da embaixada norte-americana e de seu Departamento de Estado, que orientaram ideológica, política e economicamente a facção golpista. Ao impor a legislação discricionária (até extinguindo a Constituição vigente), ao eliminar a liberdade política, individual e coletiva, valorizando o privilégio econômico, a ditadura de 1964 militarizou a vida civil, manietou a sociedade e sufocou as garantias individuais, mergulhando-se num abismo de contradições.
Investimentos econômicos inestimáveis, provenientes dos países capitalistas centrais; realizações de obras grandiosas e outros empreendimentos onde não faltaram cimento e areia; “milagres econômicos” momentâneos; velozes endividamentos em juros, nos mercados interno e externo; tudo isto criou a falsa sensação de que, ao menos, a ditadura construiu muito e matou pouco.
As obras e demais empreendimentos tiveram o custo humano até agora impagável, motivado pelo arrocho salarial, pela opressiva legislação trabalhista, pela violenta repressão política e sindical, pela política social francamente deficiente e controladora. Deu-se no Brasil aquilo que alguém denominou de “via colonial” de industrialização, por subordinar amplamente o país aos interesses dos centros capitalistas internacionais.
As contradições amontoaram-se. Em nome da democracia, implantou-se ditadura feroz; em nome da Constituição, transformaram-na em Ato Institucional; em nome do desenvolvimento, ofereceram fugazes “milagres econômicos”.
O livro “A ditadura militar: 1964-1985”, de Evaldo Vieira, não representa a síntese da História do Brasil neste período, mas expõe de maneira simples e clara a progressiva mobilização dos brasileiros em busca do poder legítimo, da igualdade e da liberdade.